quarta-feira, 27 de julho de 2011

Prosa sem sentido algum: Interessante

Durante essa semana apareceu em meu rosto duas gigantescas espinhas ou como queiram chamar esta protuberância nodosa sem nexo e sem argumento, e sem nenhum mandato judicial ou coisa parecida liberando que apossem e utilizem minha pele para fins próprios. Essas coisas aparecem e você não pode simplesmente retira-las, existe toda uma burocracia, o que leva tempo, a não ser que você queira ter uma cratera próximo de seu queixo. A paciência é um ótimo caminho nesta situação, o problema é estar na rua, no trabalho, no colégio com duas cerejas coladas ao seu rosto. Tentei pensar em coisas positivas e logo foi possível teleguiar essa situação a minha situação e idade cronológica. Feliz eu fiquei. Sou jovem ainda! Juventude que se deixa transparecer por irregularidades criadas ou ordenadas por não sei quem ou o que! O que dermatologicamente se sabe em relação a acnes ou outras anomalias da pele eu não sei. Mas sem duvida eu a genética e o que eu como tem algo que influencia nesta questão. Sem duvida existe jovens ou não, que são menos sortudos ou mais azarados que eu, tenho duas, mas esses jovens de que eu falo podem ter de seiscentos mil à um milhão de cada lado do rosto, coisas parecidas com campos minados. Mas esta indignação e repulsa em relação a bolha de meu rosto se delimita durante os momentos em que estou em frente ao espelho e durante os cinco minutos conseguintes envoltos de xingamentos e nomes ofensivos para com a bolha. Viver não se delimita a olhar no espelho, coisa que faço agora como forma de inspiração, interessante se esquecer de algo que incomoda tanto. Interessante poder esquecer algo que nos incomoda tanto. Interessante esquecer o que nos incomoda tanto. Interessante não se esquecer de não incomodar tanto. Interessante querer ser interessante sem incomodar tanto!

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Monte Cinco

Paulo Coelho e o tempo são coisas que minha imaginação tenta dialogar com minha razão. Mas sempre termino entediado. Apesar de muito e de muitos, é a mesma e o mesmo. O tempo sobrevive e continua. Sempre existe algo capaz de lembrá-lo de dizer que existe. Acontecimentos, medos, opiniões, verdades. Tudo um tanto quanto sem rumo, um caminho que oferece o nada com direção. Imaginar pensar em tempo é ou pode ser se auto morrer ou se auto ressuscitar. Depende do referencial da procura do interlocutor. Ler Paulo Coelho me lembra ler Paulo Coelho. Como uma ponte que se ao acaso cairmos chegaremos em um mundo bíblico ou simplesmente na bíblia. As várias pontes criadas por ele seguem o caminho do referencial comum do ser humano, ultrapassa até o imaginário do querer. Saber descobrir a verdade e alcançar os ensinamentos deste denominador de magias bíblicas é onde encontra o mistério de si mesmo.

O silencio da morte chegou, e o vento parou de soprar. Elias não escutava mais os gritos lá fora, ou o fogo crepitando nas casas ao lado; ouvia apenas o silêncio, e quase podia tocá-lo, de tão intenso que era.
Então Elias afastou o menino, rasgou suas vestes e, voltando-se para os céus, bradou com toda a força de seus pulmões:
“Senhor meu Deus! Por tua causa saí de Israel, e não pude Te oferecer meu sangue, como fizeram os profetas que lá ficaram. Fui chamado de covarde por meus amigos, e de traidor, pelos meus inimigos.”

Trecho retirado do Livro “O monte Cinco” de Paulo Coelho



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Este exemplar era um dos poucos que ainda não havia lido. Poucas páginas, leitura tranqüila e enriquecida com histórias e parábolas do antigo testamento. Fui ligeiro ao terminar. Gostei. Conta a história de um profeta chamado Elias e de seu refugio na Fenícia. Onde descobre o amor, duvidas, verdades, injustiças, e nos tenta ensinar a guiar o próprio destino e confiar nos desígnios de Deus. Em livros assim, tipo Paulo Coelho. Caso esteja procurando algo, sempre encontra. Caso não esteja, se torna chato. Caso esteja procurando algo e finja para si mesmo que não, a leitura se torna insuportável.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Guarani



Tranqüilo, e sem ninguém potencialmente bom para me irritar resolvi escolher um livro para ler. Entre os muitos títulos mofados e sequelados me chamou atenção “O Guarani” de José de Alencar. Índios! Pensei. Nunca conheci um índio, e também não sei se daria certo com ele. Toda sua comida extraída do solo, o esforço para se sobreviver na selva e tals. Pescar, caçar, plantar, comer mandioca. Indios são no mínimo estranhos. Imagine se pensarmos em índios de 1604, inicio do século XII?
No entanto, as tribos guerreiras e sua moral indianista mostraram o valor indígena, em personagens e atos de nobreza. Neste momento estava no inicio de minha jornada. Minha curiosidade já estava aguçada e havia tempos que não lia algo que não fosse do século XX ou XXI, literatura clássica me faria bem.
Logo nos primeiros trechos ficou claro a beleza da linguagem e a natureza idealizada pelo autor, a valorização da fauna e da flora e a riqueza dos personagens. Peri, o índio e herói. Ceci, deusa que ilumina o mundo e mimosa faceirice. Entre esses dois personagens havia a família de Ceci e aqueles que de bom grado fariam o serviço do mal. Nesta encruzilhada do destino se transcorre a história onde nascerá o povo do Brasil. O amor sublime e devoto de Peri se misturava com os amores dos homens mortais. Ceci bela, nobre e pura. Havia em si a graciosa timidez que perfuma as primeiras flores do coração. O desconhecido instinto dos homens se personifica em candidatos a consorte de Ceci. O combate, a vilania e a tragédia, nenhum alçou à condição de Peri.

“A menina lembrou-se do seu despertar tão plácido de outrora, de suas manhãs tão descuidosas, de sua prece alegre e risonha em que agradecia a Deus a ventura que vertia sobre ela e sua família.
Uma lágrima pendeu nos cílios dourados e caiu sobre a face de Peri; abrindo os olhos e vendo ainda a mesma doce visão que o adormecera, o índio julgou que o sonho continuava.
Cecília sorriu-lhe; e passou a mãozinha pelas pálpebras ainda meio cerradas de seu amigo:
— Dorme, disse ela, dorme; Ceci vela.
A música dessas palavras despertou completamente o selvagem.
— Não! balbuciou ele envergonhado de ter cedido à fadiga. Peri sente-se forte.
— Mas tu deves ter necessidade de repouso! Há tão pouco tempo que adormeceste!
— O dia vai raiar; Peri deve velar sobre sua senhora.
— E por que tua senhora não velará também sobre ti? Queres tomar tudo; e não me deixas nem mesmo a gratidão!
O índio lançou um olhar cheio de admiração a menina:
— Peri não entende o que tu dizes. A rolinha quando atravessa o campo e sente-se fatigada, descansa sobre a asa de seu companheiro que é mais forte; e ele que guarda o seu ninho enquanto ela dorme, que vai buscar o alimento, que a defende e que a protege. Tu és como a rolinha, senhora.
Cecília corou da comparação ingênua de seu amigo.
— E tu? perguntou ela confusa e trêmula de emoção.
— Peri... é teu escravo, respondeu o índio naturalmente.”

Trecho retirado do livro “O Guarani” de José de Alencar.

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Conheci Peri ao ler seus músculos, sua fala, sua agilidade, sua inteligência, sua audácia e coragem. Homem e índio, exterminador de inimigos e benevolente com os justos. Carregou consigo o maior amor que já existiu, O herói do Brasil.