segunda-feira, 21 de junho de 2010

Prosa Patética: A simplicidade do alvo...

O caso do acaso. O sonho não sonhado. A bússola sem direção. A correspondência nunca entregue. Os sentidos desordenados e a surpresa derradeira. Às vezes por mais que eu tente e procure, não encontro o valor do X de minha equação, às vezes por mais que eu deseje e sonhe alcançar, mas distante está meu alvo.
Seria o alvo inatingível?
Às vezes acho que algum personagem não quer que consigamos alcançar o objetivo, e subjugados a maldição da desistência abraçamos a derradeira loucura da derrota.
Não! Isso não é verdade!
Esse afortunado e enlouquecido coito prazeroso deve ser interrompido. A loucura do não conseguir seguir o enigma da vitória ejacula todos os dias em nossas mentes, em nossas vidas, em nossas ações; atrapalhando encontrarmos o resultado e o sentido da equação. Temos que abortar os sentidos desordenados e trilhar nossas vidas com nosso pensamento vivo! O protagonista, o personagem principal de tudo está dentro... A grande energia da positividade está dentro... Somos capazes de negar caricias e beijos a loucura do não fazer, do não tentar, do não conseguir, do não confiar! O tudo somos nós! Somos hábeis artesãos da vida e podemos e devemos quando quisermos vetar a fecundação do não, do contrario, do jamais, do medo e da loucura da derrota.
A construção do eu mais forte é feito sobre traços imperfeitos, cicatrizes e sensibilidade disfarçada. Para dar o melhor de si sobre o palco o protagonista reflete seu interior para a platéia, com todas suas imperfeições e fragilidades e é nesse processo de reencontro verdadeiro que nasce a grande vitória da vida e a simplicidade do alvo logo à sua frente.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Como reconstruir? Quebrando pedras e plantando flores!!!

Ajuntei todas as pedras
que vieram sobre mim.

Levantei uma escada muito alta
e no alto subi.
Teci um tapete floreado
e no sonho me perdi.

Uma estrada,
um leito,
uma casa,
um companheiro.
Tudo de pedra.

Entre pedras
cresceu a minha poesia.
Minha vida...
Quebrando pedras
e plantando flores.

Entre pedras que me esmagavam
levantei a pedra rude
dos meus versos.

Cora Coralina

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Prosa Patética: Disparate Emocional...

Deliberadamente enraivecido, o amante entra na sala ainda quente do pecado praticado.
Eu sinceramente não queria fazer da felicidade uma pitoresca fúria de capital. Minha amabilidade é esquecida pelos que eu amo, mas glorificada por aqueles que meus desejos não alcançam. Meus desejos; inconfundíveis túneis sem saída. Uma goteira infinita em cima do meu ego causa o buraco de qual sinto nojo. Porque sinto a estranha vergonha do buscar? Um substantivo de noventa e seis letras se nutre do que seria meus amados filhos. Talvez o enraivecido amante não entre na sala. Apenas ame as carícias de seu invisível amor e sinta a energia do pudor em sua carne. Gostaria de ser invisível, me deliciar com momentos também invisíveis e como um piscar de olhos alcançar o alto, o céu. O longo beijo dos amantes causa vergonha no liquido bebido por todos. É possível ver na face de cada um, no brilho dos olhos a vontade de ter o que para mim não passa de uma escultura exótica e bela. Os amantes nunca verão o beijo que nunca aconteceu, foi apenas o sonho de alguém sozinho.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

"O que terá acontecido comigo?"

"Certa manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas duras como couraça e, quando levantou um pouco a cabeça, viu seu ventre abaulado, marron, dividido em segmentos arqueados, sobre o qual a coberta, prestes a deslizar de vez, apenas se mantinha com dificuldade. Suas muitas pernas, lamentavelmente finas em comparação com o volume do resto de seu corpo, vibravam desamparadas ante seus olhos."
Kafka