sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Perversa Confissão

A ação de minha vida é resumida em finais de semana confusos e sem rumo. O contato com forças de reação nunca existiu. Perigo e explosões são químicos sonhos reacionários. Por vezes o pranto extingue a luta. A revolução se tranca sem pensamentos, papéis e arquivos. Nada se transforma em direção exata, tudo se questiona.
Sem armas, apenas argumentos.
Prefiro o medo do acontecer ao sorriso amarelo da covardia.

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Perversa confissão é um thriller pequeno e sem muitos rodeios. Política, polícia, dinheiro e um cidadão perdido nas entrelinhas de uma morte. Clichê? Muito. Mas a trama conseguiu me envolver apesar de que os personagens deixam a desejar em estilo e ausência de detalhes. O livro conta o desenrolar da história de Tim Wallace, um engenheiro que perde a mulher em um acidente e a partir de uma confissão de um homem misterioso um policial obstinado tenta incriminá-lo por assassinatos dos quais ele nem sequer ouviu falar.


“No caminho de volta para o Paramus Park, Tim ligou para Nick e ficou aliviado quando ele atendeu o telefone. Contou-lhe o que acontecera, resumindo ao máximo, e depois disse:
_ Vá para o Paramus Park. A minivan cinza estará estacionada nos fundos do estacionamento. Dentro do carro haverá uma arma no banco da frente, que terá as impressões digitais do motorista. Na verdade, as impressões digitais de nós dois estarão por todo o carro.”

Pág. 109
Perversa Confissão - David Rosenfelt

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Bicho Solto

Já se imaginou a decadência de um ser vivo enlameado por linhas retas? Era tudo sempre reto e certo; como um rastro de lama deixado por uma lesma capitalista. Sempre seguir em frente. O que acontece quando uma paralela gostosa e sem limites cruza o seu caminho? O prazer de ser torto, envergado diante da sociedade se limita rapidamente a escoliose de um submundo monstruoso. A verdade triste de rosas murchas, nascidas em jardins babilônicos se enreda por terrenos daninhos e fertilizam a cruel realidade e o fim. A vida acelera o tempo quando mergulhamos em imagens deturpadas do ser. Quando se percebe o labirinto em que entrou o pranto pensa na lesma. Mas, você se tornou lento ou a lesma ganhou velocidade? Alcançá-la se torna primordial para ressuscitar sua vida. Embora suas pernas se embaracem, sua visão fique turva, o mundo gire e sua boca seque. Correr e deixar para traz a falsa adrenalina das curvas é o único modo de caminhar vivo ao lado da lesma merda do cotidiano. Abraçar e beijar o que resta do caminho, tentar desembaraçar para sempre o nó de outrora.
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O livro Bicho Solto de Fred Pinheiro nos conta de forma simples como é conhecer e reconhecer o labirinto a sua volta. Ir à procura de sua lesma e encontrá-la. Imaginei muitas pessoas durante a leitura; reconheci e me perguntei se também conseguiriam. Olhei para o céu e nuvens negras me ameaçavam; fechei os olhos e o vento tocou meu rosto, uma lesma em meu rosto.



“ Já nem me preocupava em injetar na veia água destilada com a cocaína. Usava água mineral, água de bica, água das mangueiras dos jardins dos prédios, a primeira água que surgisse pala minha frente. Mas nem água era necessário. Pois, em caso de aperto, utilizava meu próprio sangue. Retirava-o da veia, com a seringa, dissolvia nela a droga e injetava a mistura de volta para dentro.
Se tivesse de traçar uma esquina em minha vida, identificando o momento exato em que a euforia das drogas se transformou no inferno das drogas, diria que foi no segundo semestre de 1977. A barra começou a pesar de verdade.”
Pag. 58
Bicho Solto – O mergulho de um menino do Rio no mundo das drogas
Fred Pinheiro em depoimento a Ivan Sant’anna