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O livro Bicho Solto de Fred Pinheiro nos conta de forma simples como é conhecer e reconhecer o labirinto a sua volta. Ir à procura de sua lesma e encontrá-la. Imaginei muitas pessoas durante a leitura; reconheci e me perguntei se também conseguiriam. Olhei para o céu e nuvens negras me ameaçavam; fechei os olhos e o vento tocou meu rosto, uma lesma em meu rosto.

“ Já nem me preocupava em injetar na veia água destilada com a cocaína. Usava água mineral, água de bica, água das mangueiras dos jardins dos prédios, a primeira água que surgisse pala minha frente. Mas nem água era necessário. Pois, em caso de aperto, utilizava meu próprio sangue. Retirava-o da veia, com a seringa, dissolvia nela a droga e injetava a mistura de volta para dentro.
Se tivesse de traçar uma esquina em minha vida, identificando o momento exato em que a euforia das drogas se transformou no inferno das drogas, diria que foi no segundo semestre de 1977. A barra começou a pesar de verdade.”
Pag. 58
Bicho Solto – O mergulho de um menino do Rio no mundo das drogas
Fred Pinheiro em depoimento a Ivan Sant’anna
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