segunda-feira, 2 de maio de 2011

Durante o passado de nossas memórias as imagens do sublime permanecem intactas. Olhando para trás, vejo o inicio de algo que pode vir a ser hoje. Em uma mesa de plástico pueril, estavam bebidas e meu desejo de dialogar com o jovem que chegara. Reflexos duvidosos e o incontrolável medo de me arrepender tornaram meu pensar palavras doces. Não obstante foi por momentos vis que em sua companhia consegui respostas vagas e singelas, algo sobre musicas e comportamentos interessantes que este trazia em suas vestes e olhar de menino. Pelos momentos seguintes, apenas lhe olhar era capaz de reproduzir o eco de muitas outras respostas nunca pronunciadas pela boca do que em processo de vitória me entregava a incerteza. Estranho. O tempo, força maior e inquestionável. Enganaste minha mente, ou fizeste de mim brinquedo de seu agrado, dobrou-me em vastos dias e horas. Por vezes esqueci a existência do que se passou, por vezes inventei existências que me agradassem. Por vezes sonhei com fantasmas imaginando o anjo. Até que por fim, depois de viajar através de processos etílicos, em uma taberna simplória e rica de mentes saltitantes, sob meus olhos a completa imagem do passado se apresenta. O passado como forma de presente se vela de inúmeras incertezas, e assim permaneci em ignorantes minutos. Confuso, instigado. Como posso lembrar de algo afundado na memória de meu ser? Como posso sonhar com o passado e deixar o futuro para trás? A transparente doçura de minimalistas detalhes regurgitou os prazeres a tempos desejados. A peculiaridade de cabelos leves e revoltos, no entanto sem a rudeza de se tornar um dos últimos moicanos. A possibilidade de interromper tamanha descoberta pela minha jovem memória era inescrupulosa e indecente. Sonhar sempre foi algo prazeroso mas o olhar sobre o que se deseja é por vezes maior. E mergulhado em pensamentos, vim a pensar sobre como Vermeer teria pintado uma pérola e sua linda garota. Sob meus olhos não eram brincos, nem tão pouco pérolas. Eram instrumentos de uma sociedade em movimento. A marca de que um lindo novo começo. Alargar e expandir. Talvez esse seja sobre sua vontade ainda desconhecida o novo modo de pensar sobre as relações humanas, eu ali como condição de humano inevitavelmente me relacionei com esse pensamento sóbrio de desejo. Meu disfarce em entregar a vontade de lhe tocar me fez sua pele em pensamentos, a loucura em pele branca e fina. As sucessivas vontades me trouxe a acuidade de seus olhos, olhares ousados me surpreenderam e a suprema tensão de meu ímpeto desejo se transformou em loucura.

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