terça-feira, 3 de maio de 2011


“Ajoelhei-me e toquei o chão. Era urina. Estava tão fria quanto o piso de concreto pintado. Uma poça se formara debaixo da moça sem nome. Olhei para cima e vi uma gota única de urina pender do dedo grande de seu pé descalço e brilhar ao cair no chão. Levantei-me depressa. Aquela urina me deixou muito deprimida. Não quis acordar as outras duas porque elas também acabariam vendo-a, e aí todas nós a teríamos visto e então ninguém mais poderia fingir que não existia. Não sei porque a pequena poça de urina me fez começar a chorar. Não sei por que a cabeça da gente escolhe essas pequenas coisas para nos fazer desmoronar.”
Chris Cleave, retirado do livro "Pequena Abelha"

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Entre soluços, contrações do diafragma e abruptos fluxos de ar, vivi minutos na livraria e o comprei. E o li. Poucos profetas conjuram um mordaz destino a personagens como abelhinha. No entanto, sua vida desafortunada nos enche o coração de verdade. Sua fria alegria e vivacidade camuflada nos envia para um paralelo e corajoso mundo de realidade. Onde as desgraças sussurram em nossas orelhas, e em embriagados aplausos retribuímos com estima o encanto das crianças.

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